Livro polêmico que aceita linguagem coloquial ainda não chegou a Santa Catarina
A publicação distribuída pelo MEC divide especialistas
Júlia Antunes Lorenço | julia.antunes@diario.com.br
O livro didático Por uma Vida Melhor — utilizado para educação de jovens e adultos e que está causando polêmica por defender que é adequado falar "os livro" ou "nós pega o peixe" —, distribuído pelo Ministério da Educação (MEC), não chegou à rede estadual de educação.
Quando chegar, a Secretaria de Estado da Educação (SED) informou que escolas têm autonomia para aceitar ou não os exemplares.
O livro, da coleção Viver, Aprender, publicada pela Editora Global, foi distribuído a 484.195 alunos de 4.236 escolas, pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA). Em SC, são 64.191 alunos do EJA matriculados na rede estadual.
Os autores do livro sugerem que a fala coloquial, contendo erros, é válida e deve ser aceita pelos outros. Em sua página 15, por exemplo, há um trecho que diz: "Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar os livro?’ Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".
A obra explica que, na fala popular, a concordância funciona de forma diferente da norma culta, dá exemplos, como "nós pega o peixe" e recomenda que o "falante domine as duas variações e escolha a que julgar adequada à situação."
"Errado" dá lugar à ideia de "inadequado"
Em nota divulgada pelo MEC, uma das autoras do livro, Heloisa Ramos, justificou que "o importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa."
Heloisa também afirmou que o livro tem como fundamento os "documentos do MEC para o ensino fundamental regular e Educação de Jovens e Adultos (EJA)".
O MEC defendeu que a norma culta da língua será sempre a exigida nas provas e avaliações, mas que o livro estimula a formação de cidadãos que usem a língua com flexibilidade. O propósito também seria discutir o mito de que só há uma forma de falar corretamente.
Em nota, a Academia Brasileira de Letras (ABL) criticou a publicação e disse estranhar "certas posições teóricas dos autores".
— Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de língua portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos— diz ainda a nota.
O articulador da Educação Básica da SED, o estudioso de linguística Isaac Ferreira, explica que os livros didáticos adotados pelo MEC dão cada vez mais espaço à fala.
— Mas eles sempre deixaram claro a diferença entre fala e escrita. Sempre contextualizaram quando os exemplos podem ser usados. São livros que não desconsideram o modo de falar das pessoas — diz.
O estudioso não teve acesso ao livro, mas afirmou que é possível não haver problemas se as escolas ficarem com as obras. Os livros são escolhidos num canal direto entre colégio e MEC, pelo qual são selecionados títulos de um catálogo.
— Mas caso elas recebam os exemplares e não queiram ficar com eles, elas podem devolvê-los — esclareceu.
Até agora, o único título da coleção a chegar a SC foi o da Alfabetização. A Editora Global informou ser responsável por produzir e comercializar a obra, mas não pelo conteúdo.
Quando chegar, a Secretaria de Estado da Educação (SED) informou que escolas têm autonomia para aceitar ou não os exemplares.
O livro, da coleção Viver, Aprender, publicada pela Editora Global, foi distribuído a 484.195 alunos de 4.236 escolas, pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA). Em SC, são 64.191 alunos do EJA matriculados na rede estadual.
Os autores do livro sugerem que a fala coloquial, contendo erros, é válida e deve ser aceita pelos outros. Em sua página 15, por exemplo, há um trecho que diz: "Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar os livro?’ Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".
A obra explica que, na fala popular, a concordância funciona de forma diferente da norma culta, dá exemplos, como "nós pega o peixe" e recomenda que o "falante domine as duas variações e escolha a que julgar adequada à situação."
"Errado" dá lugar à ideia de "inadequado"
Em nota divulgada pelo MEC, uma das autoras do livro, Heloisa Ramos, justificou que "o importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa."
Heloisa também afirmou que o livro tem como fundamento os "documentos do MEC para o ensino fundamental regular e Educação de Jovens e Adultos (EJA)".
O MEC defendeu que a norma culta da língua será sempre a exigida nas provas e avaliações, mas que o livro estimula a formação de cidadãos que usem a língua com flexibilidade. O propósito também seria discutir o mito de que só há uma forma de falar corretamente.
Em nota, a Academia Brasileira de Letras (ABL) criticou a publicação e disse estranhar "certas posições teóricas dos autores".
— Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de língua portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos— diz ainda a nota.
O articulador da Educação Básica da SED, o estudioso de linguística Isaac Ferreira, explica que os livros didáticos adotados pelo MEC dão cada vez mais espaço à fala.
— Mas eles sempre deixaram claro a diferença entre fala e escrita. Sempre contextualizaram quando os exemplos podem ser usados. São livros que não desconsideram o modo de falar das pessoas — diz.
O estudioso não teve acesso ao livro, mas afirmou que é possível não haver problemas se as escolas ficarem com as obras. Os livros são escolhidos num canal direto entre colégio e MEC, pelo qual são selecionados títulos de um catálogo.
— Mas caso elas recebam os exemplares e não queiram ficar com eles, elas podem devolvê-los — esclareceu.
Até agora, o único título da coleção a chegar a SC foi o da Alfabetização. A Editora Global informou ser responsável por produzir e comercializar a obra, mas não pelo conteúdo.
Um comentário:
Muitooo lindo o blog e os trabalhos! Ótima idéia...
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